No dia 20.11.2009 nos reunimos para a última Oficina Livre. Assistimos ao filme Escritores da Liberdade (Freedom Writers, EUA, 2007) que aborda, de uma forma comovente e instigante, o desafio da educação num contexto social problemático e violento. O filme inicia com uma jovem professora, Erin, que entra como novata em uma instituição de "ensino médio", a fim de lecionar Língua Inglesa e Literatura para uma turma de adolescentes considerados "turbulentos", inclusive envolvidos em gangues. Ao perceber os grandes problemas enfrentados por tais estudantes, a professora Erin resolve adotar novos métodos de ensino, ainda que sem a concordância da diretora do colégio. Para isso, a educadora entregou aos seus alunos um caderno para que escrevessem, diariamente, sobre aspectos de suas próprias vidas, desde conflitos internos até problemas familiares. A professora indicou a leitura de diferentes obras sobre episódios cruciais da humanidade, como o livro "Diário de Anne Frank", com o objetivo de que os alunos percebessem a necessidade de tolerância mútua, sem a qual muitas barbáries ocorreram e ainda podem se perpetuar. Com o passar do tempo, os alunos vão se engajando em seus escritos nos diários e, trocando experiências de vida, passam a conviver de forma mais tolerante, superando conflitos em suas rotinas diárias.Assim, eles reuniram seus diários em um livro, que foi publicado nos Estados Unidos em 1999, após uma série de dificuldades. A ação pedagógica desta professora é inovadora, porque desperta a motivação dos alunos para expressar seus sentimentos, ler, pensar, escrever, e mudar a partir do reconhecimento como sujeito de sua história. É claro que projetos inovadores como esse, em se tratando de estabelecimentos de ensino com poucos recursos, enfrentam diversos obstáculos, desde a burocracia até a resistência de novos paradigmas pedagógicos.
Este filme merece ser visto com apreço, sobretudo pela ênfase no papel da educação como mecanismo de transformações individuais e comunitárias. Como já ressaltaram grandes escritores da linha de Paulo Freire, a educação tem um papel indispensável no implemento de novas realidades sociais, a partir da conscientização de cada ser humano como artífice de possíveis avanços em sua própria vida e, principalemente, em sua comunidade.
Nós, professores, devemos assistir este filme por várias razões: para que possamos inovar o ato de ensinar adequado à realidade cultural dos alunos; para que, além de ensinar, também possamos adotar uma atitude de pesquisa-ação com os grupos que se formam em sala de aula e na escola, cuja sintonia visível é a intolerância para com os demais; para que aprendamos a acolher e contextualizar as situações de vida dos alunos e para que os professores se empenhem mais-e-mais em ler literatura, porque só podemos cobrar dos alunos esse hábito se nós também nos habituarmos a ler.
Amamos assistir ao filme e mais ainda, das reflexões que surgiram a partir das ações da professora Erin. Que cada professor faça diferença no seu ato de ensinar.
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